Quando tudo acaba!

O que foi até hoje sua vida? Os seus atos, suas ações suas amizades, como você viveu elas? Muitas vezes é estranho pensar nisso. Agente nunca pensa nas ações que toma, mas pensa horas e horas nas conseqüências dela. Como eu aprendi a falar? Não lembro, até onde me lembro eu já sabia, mas minha mãe deve saber a minha primeira palavra. Onde aprendi a pensar? Essa nem minha mãe vai saber responder. É estranho, muitas vezes já me vi pensando como as pessoas aprenderam a pensar. E como algumas não aprenderam até hoje. Instinto todo mundo tem, pensamentos não. Algumas pessoas burras se tornam sábias instintivamente, outras pessoas sábias, se tornam burras quando agem com o instinto.

Ainda hoje tive um pensamento tanto quanto louco. Pensava que cada coisa que eu faço são marcas que ficam na minha vida. Que cada segundo que eu perco é um segundo que eu deixei de fazer alguma coisa. E como eu desperdicei alguns segundos. E no final daquele momento de loucura me perguntei “será que é melhor perder o tempo ou gastar ele de forma errada? Já fiz muito dos dois, mas quando tudo acaba, você nem percebe, acha que tudo que fez valeu a pena. Quando tudo acaba, só o que pensa foi como valeram os dias sem fazer nada. Mas também penso como foram importantes as inúmeras coisas boas que eu fiz. Porém, numa reflexão maior ainda, e que não sei se alguma vez chegarei de novo, penso como foram importantes os erros. Só assim se cresce.

Mas, como já disse várias vezes, sempre que agente passa pra um novo estágio na vida, é como se agente nascesse de novo. Ultimamente tenho renascido muitas vezes e muito rápido, o que talvez tenha causado esse parafuso na minha cabeça. Quando sai de casa, foi um dos renascimentos mais doloridos, tanto que até hoje não consegui cortar o cordão umbilical. E hoje é o ultimo dia de uma de minhas vidas. Amanhã, quando nascer uma nova vida, vou ter que iniciar uma nova vida também. Em cada um dos meus renascimentos, nunca deixei de ser eu mesmo. A essência é a mesma. Mas as pessoas não precisam deixar de ser ela mesma pra mudar.

Ultimamente tenho ficado irritado cada vez que alguém me diz “não te conhecia esse lado, como tu ta diferente”. Eu sempre fui assim. Mas às vezes externamos apenas o que vivemos em determinada fase. Não vivo das melhores. Talvez essa nova seja melhor, talvez siga a mesma coisa. Talvez tudo que escrevo hoje seja apenas promessas de ano novo ou regime de segunda-feira. Espero que não. Mas vai ser um renascimento natural após a cesariana. Não espere mais radicalismo. Isso não. Toda vida combati o radicalismo. Se bem, que tantas coisas que combatia já se passaram na minha cabeça. Mas isso não. Eu prometo.

Mas, quando tudo acaba, agente nem dá bola pras dores, nem pros desamores. Essa dor de cabeça, essa tosse que quase não me deixa escrever, o suador sem explicação, gelado, tudo passará. Estarei mais tranqüilo, ou como dizem por ai, num lugar bem melhor, mesmo sem sair de onde estou. Não, não, preferiria ficar aqui, mas essa hora ninguém sabe. Não escolhi, sei que é amanhã por vontade dos outros, por mim poderia ser sexta, por mim poderia nem ser. Mas, então, esperarei essas vidas novas, amanhã, somente amanhã!!!!

Pra que servem os amigos mesmo?

É perigoso falar de amigos, agente sempre pode cair naquela mesmice cansativa de fotolog de guria. Ainda ontem deitado na cama enquanto fazia numa folha de papel um joguinho de futebol que há muito não fazia. Comecei a me lembrar dos joguinhos de criança que fazia quando era menor. Aquelas coisas que agente se pergunta como era capaz de fazer, mas quando ta junto dos amigos nem percebe.

A maioria dos meus amigos conheci quando não era mais tão criança. Alguns eu ainda estou fazendo. Meus amigos de infância na verdade nem sei o que fazem da vida. Mas os meus amigos que fiz já crescido, tento acompanhar todo dia. Infelizmente não consigo. Por mais que eu me esforce não há Internet que resolva essa distância. Quantas vezes nos dias de tristeza tudo que eu queria é ter só algum daqueles antigos amigos pra conversar. Tenho que me contentar com o espaço que conquistei com os recentes ou com as impetuosas folhas de papel, que brancas olham pra mim, provando mais uma vez que eu estou sozinho. O que faz parte do meu crescimento.

Mas, pra que servem os amigos mesmo? Tento cada dia descobrir pra que eles estão ali. Talvez seja pra num domingo à noite, quando todo o teu quarto parece grande de mais, a rua parece fria, mesmo fazendo um calor insuportável, possa pegar o telefone e simplesmente ligar. Pra dizer que não estar bem, começar a conversa falando dos problemas e terminar contando piadas, como sempre foi.

Não sei, tento descobrir ainda. Talvez eles estejam ali só pra dizer chorando tudo aquilo que nem sempre tem coragem. E dizer que está chorando. Sem se preocupar com o que eu vá achar. Até mesmo porque, provavelmente não conseguiria não chorar também. E no outro dia dizer de um jeito tão verdadeiro que vai estar do teu lado que até sente proteção daquele que a vida inteira me senti meio que um irmão mais velho.

O que são amigos verdadeiros? Não sei. E cada vez mais fica difícil acreditar naquilo que eu sempre acreditei. Talvez amigo verdadeiro seja aquele que passa um ano inteiro brigado contigo, sem se falar, por um motivo que talvez hoje os dois não se lembrem. E depois de um ano, quando tu mais precisa, e por orgulho, besta ou não, mas um orgulho que te possui que nem sabe porque ele está ali, não vai falar com ele, este vem até ti, simplesmente se abraçam, tomam outra cerveja, como as que antigamente eram tão festejadas, esta mais, e segue, como se nada tivesse acontece, mesmo com uma lacuna de um ano, preenchida em um depoimento.

Essa busca, não sei se só minha, mas uma busca pra saber afinal pra que servem os amigos, parece até tolice quando dita depois de tudo isso. Mas quantas vezes se perde amigos, se ganha amigos, que vão e que nunca mais voltam, que chegam e que nunca mais vão. Meus amigos sabem que dificilmente eu vá me lembra onde começou nossa amizade. Sabem que um dia talvez não tenha gostado da cara, e tenha jurado ódio aqueles que hoje são as pessoas que eu mais posso contar.

Eu não sei, definitivamente, se eles servem pra jogar bola, pra ir pra festa ou para apenas tocar junto. Sinto que talvez eu precise aprender muito, com eles, com os novos amigos, com os velhos, com os de sempre, quem realmente quiser estar junto, na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença. Cada exemplo de falsidade que eu encontro pelo mundo, eu encontro neles um exemplo de amizade. Não sei se consegui tirar minha dúvida ou colocar mais duvida na tua cabeça, mas também não estou aqui pra resolver o problema de ninguém, então...

Antes que seja tarde...

Pensava no que poderia escrever hoje. Mas também, queria muito que tivesse lido o que escrevi ontem. Pensei em não escrever nada simplesmente. Mas pensei também que quantas vezes agente não fala, não escreve aquilo que sente ou aquilo que pensa e depois acaba seguindo caminhos que nem sempre são os melhores. Resolvi não me calar. Vou falar mesmo. Vou abrir a boca e dizer tudo que realmente pretendo antes que seja tarde de mais pra fazê-lo.

Talvez se eu tivesse dito não há uns anos atrás, hoje nós pudessemos estar decidindo se eu vou ou não vou, se vai ou não vai ter festa. Acomodei-me. Não soube dizer não ou não quis dizer não? Não sei. Mas não falei. E isso hoje é o que faz toda diferença. O simples fato de não ter dito não, de não ter pensado um pouco mais faz com que estejamos aqui.

Ah... palavra desgraçada, que sempre me foge quando eu falo. Que me faz dizer sinônimos quando o quero na verdade é dizer teu nome. Ah palavras... Talvez se eu me calasse mais uma vez não fizesse você pensar agora. Talvez seja ilusão minha, apenas ilusão. Mas o meu coração sabe que o que eu falei, o que escrevo aqui é a mais pura verdade. Talvez fosse melhor deixar você ler o que escrevi ontem. Porém, eu deixaria de falar esse tanto de coisas.

Tenho um amigo que certa vez me disse que deixou de dizer que amava o pai dele. Ele saiu de casa para trabalhar e nunca mais voltou. E até hoje ele sente falta dessas simples palavras. Não, não vou esperar você ler aquilo tudo, é muita coisa, e talvez eu perca a chance de dizer às palavras que meu amigo quis dizer ao pai dele, e que mais uma vez uso sinônimo pra não dizer diretamente.

Ah palavra desgraçada. Que num verão inteiro não me permitiu dizer nos teus olhos a minha verdade. Que precisei de 50 linhas pra te dizer e mais de 500 quilômetros pra ter coragem de escrever. Ah palavras... não, não vou me calar de novo. Vou te dizer tudo isso que eu sinto, de um jeito ou de outro, não vou esperar o próximo verão, nem a próxima viajem, ah... palavra maldita...eu juro que um dia eu coloco vocês no meu bolso e só tiro-as na hora certa, por que eu sei o que dizer, mas não como. Ah palavras....

Ufa...

Certas vezes a vida nos impõe situações inusitadas. Agente comete loucuras que jamais pensou em fazer. Por vezes, porém, acabamos tendo que pagar pelas loucuras cometidas. Umas loucuras são plenas de foguetes, pagamos o preço com o maior sorriso no rosto, outras vezes, elas são fardos que carregamos na cabeça, nas costas, mas que sentimos dor de verdade no coração. Hoje eu cometi uma loucura. Não sei o quanto vou pagar por ela, e nem se vou receber alguma coisa por ela. Mas eu fiz. Já cansado do fardo de pagar algumas loucuras que cometi, fiquei dias reticentes sobre cometer ou não mais essa. O herói tem medo. Ele já deixou bem claro isso. Agora está indefeso como uma criança, tipo a que o deixou indefeso.

Quando não se sabe o resultado das loucuras, sempre se tem um pouco de receio, quem se joga no espaço sem enxergar o chão? Foi praticamente isso que fiz hoje. Um acesso de coragem... “1, 2 e 3.. lá vou eu”, levantei, tremulo, a cada passo pra frente com a cabeça contando um passo pra traz. Mas já está decido, tem que ser agora. Uma escada, boa hora pra desistir. “Não, não vou desistir” pensei comigo mesmo. Confesso que 28 degraus nunca foram tão grandes como esses que acabei de passar.Não tem ninguém na fila, ainda bem. Ainda bem? Agora eu não tenho nem desculpas pra fugir. Mas vamos lá. Coloquei a mão na velha carteira surrada, misturado aos inúmeros cartões o único telefônico. “Coragem rapá!”, o tremor nas pernas não passou.

O número não estava na memória, ainda não cheguei ao estágio psicótico. Foi difícil teclar, mas consegui. “Tuuu”, aquele som do aparelho foi o fim da dúvida, “agora já vai saber de onde é o telefone.”Tuuu”, não que eu estivesse nervoso, mas depois do segundo toque do telefone imaginei que “Alô?”, não imaginei mais nada.Agora quem tremia era a voz. Agora minhas pernas não mais tremiam, formigavam como quem pula a 1ª vez de um muro e sofre com o impacto no chão (talvez só os meninos me entendam). Mas eu estava ali pra quê mesmo? Sim, lembrei. Pra falar do fardo que eu estou carregando. Claro. Mas pelo menos por 5 segundos consegui esquecer tudo isso. Concentrei-me na voz ou me concentrei na lembrança de quando eu estava perto? Acho que é hora de me concentrar no que vou falar. Dar explicações? Pedir desculpas? Por telefone? Meu Deus, isso é muito surreal isso. Conversei. Era só isso que eu precisava naquele momento.Passaram cinco minutos? Passaram dez? Ou foram apenas três? Não lembro. Foi uma eternidade. E foi tão curto. Vai entender o que passou na minha cabeça nessa hora. Só sei que enquanto falava parecia que o último fardo saia das minhas costas. “Ele vai voltar quando eu desligar isso”, mas ali eu me sentia leve, sem a responsabilidade de parecer ninguém, afinal já me conhecia bem, cada dia mais. Por mais que pareça tão pouco tempo, já conhece sim.

“Me avisa quando tu vier pra gente fala mais, tá?”. Não sei o que isso quis dizer. Eu vou tentar fazer o melhor pra fazer com que seja o que estou pensando. Afinal, já me disseram que o futuro é agente que faz, então vou fazer o que eu acho melhor.“Tchau, beijo”, ufa... consegui. “Coloca o telefone no gancho e para de sonhar rapá!”. Ufa... falei, não tudo que eu queria, mas falei com quem eu queria, e ali já se bastava. Volta agora, 28 degraus pareceram três. E aqui estou eu de volta. Ou melhor, já volto, vou ficar um instante mais lembrando.