Quem nunca chegou a tal ponto que achou que enlouqueceria? Mas enlouquecer porque? Todo mundo tem um pouco de louco dentro de si.Muitas vezes escondemos ela dentro de armaduras que não permitem mostrar quem realmente somos, o que realmente pensamos. Antes que eu enlouqueça, mando um pouco da minha insanidade escondida dentro de minha armadura!

quinta-feira, 26 de abril de 2007

O valor que você tem



O ser humano é incrível. Luta tanto por uma coisa que nem sempre vale o esforço. Muitas vezes diminui o seu valor por alguém que não vale a sua metade. É triste. O ser humano faz coisas incríveis. Num segundo é a pessoa mais forte do mundo, no outro é mais frágil que uma pétala de rosa. Aprendi a olhar dentro de mim. Descobri o valor que eu tenho. Você já descobriu o seu valor?
Chega a ser engraçado. Quando se percebe que o seu amor ideal também tem um ideal, e que esse ideal não é você. É triste quando você não se conhece. Eu sei o meu valor. E 'quando se aprende a amar o mundo passa a ser seu'. Amor? Já desisti de entender ou sentir. Mas quando num momento de distração o cheiro do perfume impregnado no MP3 me lembra o cheiro do corpo livre, mesmo no tempo de prisão, fico pensando que raio de pedra sou eu que não sabe o que sente.
Já descobri o meu valor. Não descobri o que eu sinto em relação aos outros. Não é egoísmo. São incertezas que a vida me joga na cara todo dia de manhã quando eu me pergunto porque estou fazendo tudo isso. Descubra o seu valor. É relaxante. Eu aprendi o meu. É triste ficar triste por uma pessoa feliz. Chega a ser anti-cristão, afinal, sua única chance será se acontecer uma tragédia. É triste. E na verdade foi isso que eu fiz a vida toda. Isso me deixava cada vez mais triste.
Não, não! Esqueça o que aconteceu no último verão. Eu não esqueci. Se fosse preciso eu esqueceria. Aprendi a conviver com a situação. Não confunda com conformismo. Não estou conformado. Quando te disse tudo aquilo não queria que achasse isso. Espero que não tenha pensado que eu desisti. Seria um grande erro. Pense apenas como será o futuro a partir do presente. Se não deu, não deu. Simples assim. Não force nada. Sempre que tentei ir na marra tive que recuar. Se for pra não ser, não será. Se valorize também.
Dos meus amigos eu sei o valor. Mesmo os recentes. O pacote é cortesia da casa. O que é caro mesmo está dentro. E pode ter certeza que o seu preço é muito maior. Pare. feche os olhos. Pra ti ninguém pode valer mais que tu mesmo. Nem eu. Nem ninguém. Talvez um dia teus filhos tenham valor igual. Hoje ninguém. O pacote é cortesia da casa. Abra-o antes de levar. Antes de se encantar. Pode parecer bobagem na hora. O prejuízo pode vir depois e nem sempre o coração aceita troca ou devolução. O seu preço é caro. Quanto você vale? Não diga pra ninguém. Não deixe ninguém descobrir por você. Qual o valor que você tem?

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Quando eu sinto que cresci



O que fazer num fim de semana quando não há o que fazer? Eu resolvi lavar tudo que vi pela frente. A pequena pilha de roupas suja que começava a se formar no meu quarto, os lençóis da minha cama, as roupas de inverno guardadas há algum tempo que terei de usar num futuro próximo. Tudo pra máquina. Tudo pro sabão. É estranho. Acho que não fiz nada o fim de semana inteiro. Não parei um segundo se quer.
Coloquei a roupa na água. Cada roupa com suas cores diferentes. As claras, as escuras e as brancas. Pra mim não tinha diferença nenhuma, mas sempre vi todo mundo fazendo isso, por que não faria eu? Realmente. Normalmente eu não faria isso. Mas quando não se domina a situação se segue os mais experientes. E lá fiquei. O fim de semana inteiro na frente da máquina branca, que lembra muito a que eu cresci só adicionando sujeira. Ali que eu comecei a perceber que estava crescendo.
O difícil não é lavar. o difícil é colocar o sabão em pó. O mesmo sabão em pó que minha vó sempre usou e usa até hoje. O difícil é sentir enquanto o pó cai sobre as roupas o cheiro do sabão que me acompanhou toda a vida e que agora passou do estágio de cheiro necessário para a fase de cheiro nostálgico. E ali fiquei sentindo aquele aroma. Liguei a máquina.
Enquanto separava mais algumas peças, ouvia de fundo o mesmo som da máquina que eu cresci. Na infância, aquele som era pano de fundo para qualquer coisa que eu fizesse em casa. Agora, eu, sozinho, com a companhia daquele som. Respirei fundo. Parece bobagem. Acredite. Pra mim naquela hora era apenas saudade. Pronto. Acabou a primeira lavada.
Tirei a roupa da máquina e as estendi no varal. O que é a falta de pratica. Esqueci de colocar as roupas dentro do balde. Demorei o dobro do tempo. Parecia que não teria fim aquele martírio. Consegui. Aprendi. Não mais cometi esse erro banal. Não sei porque minha vida é assim. Eu só consigo aprender com os erros. Os exemplos nem sempre me bastam. Normalmente preciso errar. Segui colocando a roupa.
Secou a primeira parte. A hora que fiquei mais triste. Fui passar as roupas. Em cima da minha cama mesmo. O ferro aquecia enquanto eu separava as roupas em cima de uma cadeira. A primeira camisa, mais uma lembrança. Aquele ambiente me lembrou tanto o meu vô que sempre ajuda minha vó passando a roupa. Quantas e quantas vezes eu cheguei correndo e pedia pra ele passar a roupa que eu queria sair. A correria agora não era necessária. Agora eu tinha tempo de sobra pra fazer aquilo. Pra ficar sentindo saudade. E eu senti.
O ferro quente na calça de brim fria foi o ápice. Juntou tudo. O cheiro do sabão, o calor do ferro, foi difícil. Tive que sair. Tive que caminhar. Tive que respirar. Agora não tinha mais fuga. Sozinho. Cresci. Não sei como. Ainda não me adaptei. Cresci e nem percebi. Sozinho. Mesmo com tanta gente ao meu redor eu estou sozinho. Cresci e isso pode ser assustador quando se percebe nas coisas corriqueiras do dia. Saudade faz crescer. Cresci.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Pelo vidro! Pela vida! Por mim!

Esses dias consegui te ver. Depois de duas semanas. Pelo vidro. Pelo tubo. Eu vi. Como sempre o sentimento foi o mesmo. O sentimento que não sei explicar. Mas eu senti alguma coisa sim. Cresceu. O sentimento? Não sei. O tamanho mesmo. Está maior. Talvez quando eu volte não caiba na minha mão. Isso me dá medo.

Quando eu saí ainda era pequeno de mais. Quando eu saí cabia na minha mão. Quando eu voltar talvez não. Tenho medo de um dia quando sair você me conheça e quando eu voltar você nem lembre que eu exista. Tenho muito medo. As primeiras palavras. Não serão as mesmas que sonhei em alguma noite na beira da praia. Talvez aprenda a palavra, mas não aprenda o sentido verdadeiro dela. Cada vez mais me dá medo.

O que eu fiz pra que isso acontecesse? Nada. Também não fiz nada pra que isso não acontecesse. Confesso. Tudo que eu fiz foi por minha. Queria ter feito pela vida. Queria ter feito pelo amor. Queria incondicionar o amor. Queria aprender o que é o amor. Me condicionaram. Disseram o que eu tinha e o que não tinha que fazer. Fiz. Mas fechei tudo aquilo que com muito esforço abri. Pensei só em mim. Confesso. Só em mim.

Talvez um dia tudo isso mude. Eu entenda tudo. Talvez um dia tu não me entenda. Estou preparado pra isso admito. Até por que pensei só em mim. Estou pensando só em mim. Tentei pensar em nós. Não deixaram. Não tive opção. Espero que um dia me entendas. Espero que um dia eu entenda. Agora confesso que não sei. Parece que estou num vidro. Como aquele que te vi esses dias, como aquele que te vi da primeira vez, antes do primeiro contato. Pelo vidro, pela vida, por mim, fiz por mim.

sábado, 14 de abril de 2007

Eu queria ser o nerd

Eu queria ser o nerd. Pra ele tudo é fácil. Meus maiores problemas seriam descobrir como se bate final naquele jogo. Eu queria mesmo. Saber tudo que acontece no mundo sem sair da minha cadeira e me sentir saciado com aquilo e pronto. Pra que complicar? Se é isso que está dizendo é isso que é. Eu queria ser o nerd. Não consegui. Mas que eu queria eu queria.

Eu queria ter o cabelo do nerd. O cabelo dele é legal. Mas aquele cabelo estrategicamente bagunçado do nerd. O cabelo do nerd lambido é engraçado. Mas o que eu queria aquele arquitetado pela mente ociosa. Nunca consegui. Meu cabelo é ruim. E pra completa ele ta sempre desastrosamente bagunçado. Isso quando eu não esqueço de cortar. Ora por falta de tempo, ora por falta de dinheiro. E pra completa eu tenho tanta coisa no que pensa que quando eu consigo dormir à tarde, acordo e esqueço de pentear. Saio na rua com isso. Se eu fosse o nerd, não.

Como eu ia esquecer. Eu queria ver o mundo com os olhos do nerd. O mundo dele é fácil. Todas as coisas que eu possa me assustar andando pela rua ele já viu no jogo. A verdade que me dói nos olhos não devem doer tanto aos óculos. O óculos do nerd tira qualquer expressão do olho que ele possa a ter. Assim, talvez, não mostraria cada vez que olho como um bobo pra onde não devia. Eu queria mesmo. É tão mais simples.

Eu queria a namorada do nerd. Por que, afinal, ela é nerd que nem ele. E isso é o máximo. Uma pessoa igual ao nerd. Ele não precisa nem fazer o esforço ‘cavalar’ pra tentar entender o que passa em certos corações. Normalmente não entendo. O nerd não tem nem noção do seja isso. Por que ela é igual a ele. E isso, acreditem é o máximo. Pois todas pessoas iguais a mim que encontrei até hoje nunca deu certo. O nerd consegue. Pena que eu não sou ele.

Não posso reclamar de tudo que minha vida me deu. Até que ela foi generosa. E todas as coisas que pareciam ruins ela fez com que eu encontrasse sempre o lado bom. Ou que eu lutasse para ir até onde achava bom. Se eu queria uma vida fácil? Claro que queria. Quem diz que não quer mente. Ninguém gosta de sofrer. Mas se todo mundo sofre, até que eu cheguei bem até aqui. Consegui. E isso é fato já dito antes. Mas uma coisa eu não consegui. Ser o nerd. Mas que eu queria eu queria.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Rotina é triste. Todo dia fazer a mesma coisa às vezes cansa. Porém, quando não às fizemos, sentimos uma saudade incrível. Sou o inimigo número um da rotina. Faço tudo pra fugir dela. Volta e meia caio sempre na mesma coisa. E quando deixo a rotina tomar conta de mim sou pior que qualquer um. Aceito-a. Isso me torna fraco. Rotina que me faz doer às costas. Faço de tudo para fugir dela. Da dor nas costas. Da rotina.

Comecei a pensar em ti pra fugir da rotina. Pensar em ti virou uma rotina maior ainda. E das piores. Daquela que quando não se tem o que fazer fica imaginando como seria. A rotina preguiçosa. Que quando começo a pensar só penso naquilo. Ou nem ‘naquilo’ da pra pensar. Não sei. Mas fico pensando horas. É um vício. É mal. É rotina. É intransigente. Ou é isso, ou não é nada.

Sufocante. Saio de casa e no caminho sinto o ar pesado. A cabeça começa a pensar em tudo. Começa não, ela nunca parou. Respiro fundo. Respiro forte. A poesia diz que “só enquanto eu respirar vou me lembrar de você”, mas quando me falta o ar não é por esforço físico. É esforço psíquico. Cansa muito mais. Chega a doer à cabeça. Não sei o que é pior. Pensar em como seria legal ou pensar porque ainda não está sendo. Sufocante.

Mas sempre tem uma saída. Posso fugir pra qualquer lugar. Posso ir pro alucinante. Posso ir pro ilusório. Posso ir pro escuro. Posso ir pra qualquer lugar. Mas não fujo. Vou ficar aqui. E essa é minha maior fuga. Mostrar pra mim mesmo o que realmente vale um coração. Mostrar pra mim mesmo o quanto é importante meu coração. Pena que tu não possa ver. Pena que tu não queira ver. Eu mostrei. Pena que tu não quis ver.

De repente, como num susto, me volta toda minha revolta contra a rotina. Preciso sair. Já sei como. Não existe receita pronta? Eu tenho a minha, feita por mim mesmo. Eu tenho. Fiz tudo que eu podia. Não vou desistir. Como eu te disse, estou no meu direito de lutar, e tu não tem obrigação nenhuma de aceitar. Mas chega. Vou viver um pouco. Ahhhh.. ar. Andava faltando com muita freqüência. Voltou. Ahhhh. Ar. Só um pouco. Enquanto eu respirar vou pensar em mim. Em ti eu penso quando eu cantar. Em nós eu penso quando tu quiser. Quero pra sempre. Sei que é verdade. Mas eu sei o que valor. Ahhh.. ar. Rotina me mata. Aquilo estava me matando. Voltei. Caminho tranqüilo. Sigo tranqüilo. Te esperando assim estarei muito melhor. Ahhh.. Ar, tava fazendo falta. A dor nas costas segue. O ar voltou. Sigo esperando...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Por isso que escrevo

Todos os dias eu sinto vontade de escrever algo. De uma simples bobagem num pedaço de papel a um elaborado texto que pode não dizer coisa nenhuma. Mas eu preciso escrever. Nunca me dei muito bem com os números. Talvez por isso minha conta no banco esteja sempre no vermelho. Aliás, já passou o vermelho faz tempo. Possivelmente por isso também que todas vezes que rodei foi em matemática. Não adianta. Nunca me dei bem com os números. Isso é lei? Não sei. Mas a vida segue cada dia me mostrando como é difícil entender os números. Contar? Até certo ponto eu sei. Depois me perco.

Entenda. Eu já perdi a conta das vezes que eu quero fazer uma coisa pra ajudar alguém e acabo eu saindo por mau na história. É ilógico. Desumana essa matemática. Exata? Duvido. Já nem tenho idéia do número de pessoas que passaram na minha vida. Que passaram tão rápido que nem uma equação conseguiria calcular a importância pelo tempo, ou dividir a alegria pela saudade. Não. Definitivamente não é nada exata a matemática. É cruel. Voraz.

Contar é difícil. Perdi a conta das pessoas que me criticaram, me xingaram, praticamente fizeram eu cometer loucuras por erros que cometi. Consigo contar nos dedos os amigos que disseram que não importava o que acontecesse que eles estariam comigo. Pela lógica. Os que me criticaram são mais. Lógica? Minha vida não tem lógica alguma, tudo é muito impulsivo, por isso que os amigos são mais, poucos, contados nos dedos, mas são muito maiores que qualquer critica. Eles sabem que a roda gira. Sabem que a boca de quem fala é a mesma que se cala quando ele erra.

Somos desacreditados a escrever na infância, disse uma professora numa aula. Eu fui desacreditado de contar. Perdi a conta de quantos meses vivi longe das pessoas que eu gostava. Perdi a razão do tempo quando triste, passei um domingo inteiro trancado dentro de casa dormindo, ou simplesmente assistindo televisão. Conta nenhuma vai me dizer o quando foi grande a saudade da minha casa enquanto eu buscava no mundo um sonho. Conta nenhuma. Professor de matemática metido a dono do mundo nenhum vai saber explicar o que é a solidão. Talvez eu não saiba. Mas eu não me escondo atrás de números.

Por isso que eu escrevo. É simples. Eu penso, eu escrevo. Escrevo porque nem sempre tenho alguém pra falar. E muitas vezes às pessoas que tenho pra falar eu não quero falar. É simples. Quando um não quer, dois não brigam. Conta lógica? Claro que não. Um sempre vai apanhar. Já apanhei muito. Já bati muito. Já escrevi muito. Não consigo nem contar as linhas. É simples. Por que eu escrevo? Por que não preciso saber a proporção da minha tristeza ou de minha alegria. Preciso sentir isso. E preciso contar pra alguém. Nem que seja pra um papel. Nem que seja num texto elaborado que pode pra você não querer dizer nada.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

28/03/2007

Cinco da manhã. O imperdoável despertador toca. Sem muito susto, pois apenas duas horas conseguira dormir. ligou o chuveiro, a água quente caindo, no corpo ainda amassado do sofá que fizera companhia na derradeira noite. Um olho no relógio, outro querendo abrir. Cinco e cinqüenta e sete e o 'inatrasável' ônibus passa. Ele, o único passageiro sentasse a frente, olhando para a rua ainda escura procurando um lugar naquela hora em que não achava nada. Seis e meia. Entra na primeira parte de sua viagem rumo ao desconhecido. O sono agora não perdoa. Duas horas de um sono de ônibus. Não o ideal, mas sim apenas um subterfúgio para os pensamentos que acompanharam na noite anterior. Primeira escala. Mais três horas e meia de estrada. Porém agora, o sono não mais aparecia. A parte mais longa da viagem seria aquela que menos teria escapatórias de pensar no futuro. Encontrou. Louco, insano, inconseqüente, irresponsável já foi muito antes de todo esse dia.
As três horas passaram
. Dez minutos depois do futuro chegar. Desceu rápido do ônibus. Deu um rápido abraço no amigo que veio o buscar. O destino era conhecido. O futuro ainda não. Cinco minutos e a realidade cada vez mais próxima. Subiu três andares num elevador que parecia parar no espaço. No quarto todos já o esperavam. Entrou assustado. Todos aqueles olhos num misto de alegria com certa desconfiança. Fazia calor na rua. Ali não. Ele não sentia. Não tinha muitos sentidos para falar a verdade. Então, o levaram até uma sala, onde o futuro era iminente. Quatro caixas. A sua era a última. Uns cinco ou seis passos. Difíceis passos. Aproximou-se, lentamente. Parou olhando. Olhando não, fruindo. Como quem frui olhando uma obra de Van Gogh. Talvez esse tenha sido o problema. Aquela blindagem toda fez com que fosse apenas mais uma obra rara que a pouco adquiria. Voltou ao quarto. Tranqüilo por dentro. Doente por fora. A insensibilidade ao calor de antes tornou-se num frio arrebatador. Café não resolveu. Descer escadas tão pouco. Voltou ao quarto.
Ficou ali, sentado, por cerca de dez minutos. Uma solidão no meio de tantas pessoas. Uma forte solidão. De repente, o futuro entra pela porta. Imponente e frágil, vindo em sua direção. Se encontraram, se tocaram. Frente a frente, finalmente. Ele e o futuro. E ali seguiram cerca de cinco minutos. Se encarando. os olhos grandes, assustados, encarando os olhos miúdos da inconsciência. Cinco minutos. As pessoas ao redor pareciam não existir. Olhares fixos. Aquele talvez fosse o maior momento de suas existências. Cinco minutos apenas olhando. Nem uma palavra. Por falta de vocabulário ou por falta de reação. Frente a frente tentando reconhecer um no outro a importância que um terá na vida do outro. Possivelmente os cinco minutos mais importantes de suas vidas, mas que provavelmente só entenderão daqui algum tempo, quando cinco minutos já os farão falta.
Anoitece. E mais uma vez, ele e o futuro estão frente a frente. Agora sem ninguém ao redor. Agora os olhos pequenos mudaram, cresceram, como que já reconhecendo. Os olhos assustados também. Agora estão pequenos do sono que começa a refletir duas noites mal dormidas. Ele e o futuro novamente juntos. Uma noite inteira. A primeira de inúmeras. Sem data certa. Inúmeras. Ele e o futuro. O primeiro de vários encontros. A primeira de várias verdades. Ele e o futuro...