terça-feira, 29 de maio de 2007
A casca e o conteúdo
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Quando eu voltar p'ra casa
Sábado, estava lendo e pensando que a distância começava a me fazer mal. A correria da semana sempre era esquecida nos fim de semanas lá na casa do pai. Aquele era eu de verdade? Provavelmente não. Provavelmente lá eu era quem eu quisesse que ele fosse. Se fosse eu de verdade, eu só voltava e diria: "Errei". Agora eu já sei que o erro acabou sendo uma alegria, por caminhos tortuosos, mas uma alegria. Mas não consegui ir falar isso pro meu pai.
Tenho passado tanta coisa pela vida que até sei por que tenho medo. A independência subiu a cabeça. Mas eu sempre voltei com a cara-de-pau e com um jeito de quem fez bobagem mas ele nunca saberia. Santa ignorância. Isso um dia não ia dar certo. Não deu mesmo. Não só o pai descobriu, mas como todo mundo. Santa ignorância. E agora estou eu aqui, sentado, lendo o livro, pensando em como voltar pra casa.
Quer saber.. eu vou voltar agora. Voltei correndo para deixar tudo pronto. Entrei em casa. Acendi a luz do meu quarto. 'Mas ah corajoso véio, vai volta pra casa'. Tirei a roupa do guarda roupa, joguei em cima da cama. Não tinha solução, eu ia voltar. Comecei a arrumar tudo, deixar tudo pronto. Eu vou voltar para casa.
A arte de pensar é uma eterna arte de se colocar em duvida. A arte de decidir não. Me coloquei a pensar. E a duvida é a arma dos medrosos para não enfrentar seus obstáculos. Eu estava em duvida. E o medo é a certeza que não sabemos como nossas falhas serão compreendidas pelos outros. Eu estava com medo. Como será que meu pai ia me receber de volta? Ele me mandou para o mundo para crescer, eu reduzi. Como ele vai me receber?
Sentei na cama. A euforia reduziu. Comecei a pensar, comecei a desistir. Levantei. Respirei. "Decide". Apaguei a luz. E o simples fato de apagar a luz parecia que eu estava apagando um pedaço da minha vida. Como se eu tivesse renegando alguém. E não é isso que estou fazendo? Provavelmente. Possivelmente. Mas fiquei triste. Passei o resto do dia assim. Eu estava quase voltando.
Mas pelo menos serviu para alguma coisa. Fiquei pensando que lá na casa do pai tinha muita gente, sempre cheio, e que não era só eu que era assim. Que muitos faziam coisas achando que ele não ia saber. Mas ele é esperto. Afinal, é ele quem sustenta todo mundo. Quando eu era pequeno, aprendi que ele era brabo com quem errava. Agora eu sei que isso é desculpa de quem faz bobagem e não consegue esconder. O brabo é ter que aturar quem erra como tu te apontar o dedo. O pai não é brabo. Por sinal, ele deve estar triste. Eu sei disso. Mas eu volto, eu juro. E tu, que tá fazendo aí? Ele está vendo. Ainda da tempo. O que que tu tá fazendo aí?
terça-feira, 22 de maio de 2007
As horas de sono que perdi
terça-feira, 15 de maio de 2007
Tudo tem um começo, mas quando foi mesmo?
É absurdo o número de pessoas que os maiores amigos foram antigos desafetos. Não com tanto ódio assim, mas aquela pessoa que você olhou e pensou: "não fui com a cara dela". Você deve ter um grande amigo que também era assim. Você lembra da desconfiança, mas você não lembra quando começou a amizade. Ou tem que fazer algum esforço. Parece loucura. Mas com alguém foi assim. Isso deve ser amor.
E esse fenômeno é tão impressionante que raramente se tem alguma 'prova jurídica'. Por isso talvez eu tenha desistido da agenda e do diário. Foi mágico o dia que conheci a grande pessoa da minha vida, tanto que levou alguns anos. E pra falar a verdade, não me lembro. Só lembro que eu achava bem chatinha. Mas quando eu conheci eu não lembro. Não precisei botar lembretes no meu celular pra no outro dia saber quem era. Para quem fiz isso, não apaguei até hoje (hoje pro que apago). Não. O amor não tem hora marcada. E melhor ele é se não tiver hora lembrada.
O amor não tem hora marcada. O que tiver que acontecer vai acontecer já diria o senso comum. E é verdade. Pode levar anos para sentir. Pode levar outros dois para ser entendido. Se tiver que ser pra vida inteira ou por todas as férias será. Não adianta. Isso é o que me tranqüiliza. Se não for agora, vai ser depois. Se não for depois, não era pra ser. Já errei muito na minha vida. Não quero errar de novo. Aprendo com os erros. Ainda não aprendi tudo que queria. Espero que já tenha errado o bastante contigo. Agora não mais. Agora? Agora não, até por que o amor não tem hora marcada.
sexta-feira, 11 de maio de 2007
Ainda bem que você tem coração
Quando se trata de amor, dinheiro e interesses pessoais, as pessoas perdem completamente a noção do que é certo. O que é certo e o que é errado? Cada um tem sua verdade. Mas qualquer que seja ela, muitas pessoas a perdem perante seus interesses pessoais. Esse comportamento nobre de uma mãe defendendo seus filhos, é tão baixo e mesquinho vindo de outras pessoas. É selva.
É selva por que a capacidade de pensar é que nos diferencia dos outros animais. A selva agora é diferente. Estamos sendo levados a acreditar que destruir os outros é mais importante do que crescer sozinho, crescer junto. E pra você isso não é normal. Você tem coração. Como as pessoas podem se comportar assim?
Do amor que sumiu às companhias da faculdade. Como isso pode acontecer. Vocês não entendem. Eu não entendo também. E coisa boa que na vida muitas coisas a gente não entende. Que bom que a vida apresenta muitas vezes situações que não sabemos resolver. Isso faz com que tenhamos que pedir ajuda a quem realmente vale. Que bom que você descobriu que tem coração. Sério. Isso é importante. Que bom que tenho ao meu redor pessoas que tem coração.
quarta-feira, 9 de maio de 2007
As barreiras da vida
Dei um passo importante é verdade. Mas não quebrei. Parei na frente da barreira como uma criança olhando para um adulto. Um pequeno pedaço de papel. Algumas palavras escritas do fundo do coração. Parecia quarta série. Eu tremia. Não falei nada. Falei sim. "Lê sozinha". Eu tremia. Mas afinal, se eu cheguei tão perto da barreira, por que não derrubá-la? Não sei. Mas parei na frente.
O pior não foi isso. O pior foi ter me assustado com o que eu acabava de fazer. Fiz bobagem. Não ao te entregar o bilhete, mas o que fiz depois. No medo do que poderia acontecer, fui procurar abrigo em outros braços. Aqueles braços no qual eu já não procurava a meses. Procurei. Fiz bobagem. Fiz alguém. A barreira aumentou. A barreira praticamente se tornou uma muralha. E o peso dela vai ficando cada vez mais pesado. Fingi esquecer. Não esqueci. Procurei abrigo em outros braços errados. Procurei abrigo em outras garrafas. Agora não havia mais o que fazer, essa barreira que eu construi era intransponível.
Acredite. Um dia eu vou derrubar. Mas não vou sozinho. Vou querer tua ajuda. Me ajuda? Se você não quiser tudo bem, já me acostumei. Não me acomodei, não me conformei. Me acostumei. Estou tão perto, tão longe e tão longe. Tanto em distância física com em distância psicológica. Ah essas barreiras.. um dia serei capaz de driblar elas, prometo. Me ajuda? Tudo bem. Eu te entendo. Me entende? Ah.. essas malditas barreiras...
sábado, 5 de maio de 2007
A tinta que cai
O tempo fecha. As nuvens pretas no céu, a água que faz um barulho ensurdecedor no telhado da minha casa me fazem sentir tanta solidão. Os ‘bolos’ e os ‘não’ que eu levo nessa vida são cada dia provas de que raramente se sabe em quem realmente se deve confiar ou quem se deve amar.
Ando pensando muito nisso. Ando pensando na hora que o palhaço chora. Quantas vezes o ser forte sente sua fraqueza. O riso fecha. A tinta da fantasia se perde na fantasia que as lágrimas de que as lágrimas resolvem tudo. Não resolvem nada. Aliviam. Não resolvem. Na verdade, elas apenas deixam as marcas da tinta misturada com as lágrimas quando caem ao chão. O palhaço chora. Não sei porque. São ilógicas suas lágrimas. Mas são reais.
Uns colocam suas tristezas nas roupas que usam. Roupas pretas nunca fizeram meu estilo. Outros colocam suas tristezas nos punhos. O medo de assumir a tristeza faz com que esses saiam com os punhos prontos para por a culpa no rosto de alguém, que por incrível que pareça, é naquele momento mais amigo que qualquer outro. Mas nunca fui de resolver na mão o que a cabeça não consegue resolver.
Por isso peço apenas umas vez. Não pergunte porque minha música é triste. É simples. Chega a ser óbvio. É a hora que o palhaço chora. É quando a tinta cai no chão. É quando toda tristeza que consigo esconder do mundo acabo colocando no violão. Não me entenda mal. Não a rotule. Apenas ouça, toque. Gostou? Não gostou? Isso é um problema seu. Meu problema é bem maior, e eu tento resolvê-lo. Não com socos, não com roupas escuras, mas do meu jeito. É simples. Você também tem a hora que o valentão chora, ou que simplesmente, a tinta cai.