Faz frio, frio demais. Espero a neve. Fico olhando para a rua na janela do meu quarto até a hora que o vidro embasse. Não demora tanto assim. Enquanto fico ali olhando a simplicidade gélida da estação que vem chegando, comecei a sentir uma tristeza profunda. Ah sim, um dos poucos sentimentos que ainda não congelaram. Estou preocupado. Com o frio. Com a casca. O ser humano tem uma casca. Eu tenho me sentido atualmente só a casca.
Os últimos dias tem sido difíceis. Compromissos que sei que dificilmente conseguirei concretizar. Planos futuros que dificilmente se concretizarão. A solidão de quem espera a neve. Estou praticamente como uma árvore que os cupins dominaram. As raízes estão completamente comprometidas. Os galhos ainda parecem fortes. Só parecem. O vento nas folhas e o vento no cabelo são a espera da àrvore e minha de que os cupins sejam varridos. Não estou doente. Consegui fugir dos vírus. Dos cupins não.
Os micróbios acabariam com minha saúde. Os cupins acabam com minhas forças. Estão tentando acabar com minha paciência. Algumas vezes conseguem. Outras vezes brigo comigo mesmo. Os cupins estão acabando com meu sono. Eu tenho lido tanto. Mas a leitura que antes parecia contemplar a vitalidade das folhas, agora parecem alimento para os cupins.
Tenho tantos planos. Mas tenho medo de colocá-los em pratica. Desisto antes de errar. Desisto antes de acertar. Isso é efeito do cupim no caule antes forte com declarações de amor escritas em iniciais com pequenos estiletes. Até essas já se apagam. Espero a neve. Espero que volte o calor. Espero que os cupins não acabem comigo antes do próximo olhar.
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