A noite, o dia, a tarde, a manhã e a noite. Um ciclo. Um dia. Uma semana. Um mês. Já faz um ano? Nem parece. Só tenho uma certeza. 'Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato'. Uma briga. Um carinho. Uma ternura. Um telefonema enganado. Um alô. Eu atendendo. Um susto. Uma desatenção. A verdade. A paz. Tua voz segue igual. A minha voz de sono. Você ficou tão real ao telefone. Parecia estar aqui. Uma certeza. 'Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato'!
Esse sentimento na verdade é tão abstrato quando o primeiro parágrafo. Tão longe. Eu ando meio abstrato. Me preparando para o encontro. Sentimento tão abstrato. E não é que desligou o telefone mesmo. Parecia desanimo. Jurou que era vergonha. Jurar. Prometer. Por que prometer? 'Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir'. Vivendo isso como se fosse um sonho.
Um sonho. Essa abstração de sentimentos tem causado efeitos contraditórios. Um dia eu não durmo olhando feito bobo olhando as mensagens do celular. Em outro, que fiz bobagem, durmo tanto que acordo com mais sono ainda. Sono. É isso que o computador me dá quando não estás aqui. Nada me interessa. Nem meu jogo preferido. Nem nada. Feito um bobo. Um abstrato. E nem tinha meu telefone. Traumatizante. Tranquilizante.
Não sei como seguir. Sei que tenho que chegar. Não sei mais nada. O mergulho é profundo. A filosofia hoje também. É Platão. É platônico. Também vi no domingo. Um escreve o outro respondem. Um fala, o outro emudece. Não sei o que vai acontecer quando chegar a hora. Digo 'oi'? Digo 'tudo bem'? Digo nada? Digo que tenho apenas uma certeza. Não era briga. Era afeto. Era um olhar de quem não se vê. O olhar acanhado. Uma certeza. "você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato". Você desligou. E eu dormi. O sono.
Nenhum comentário:
Postar um comentário