Ainda bem que a chuva passou. Já não aguentava mais me molhar. Sorte que não precisei ficar trancado em casa feito um caracol. Me molhei. Até tentei aprender a andar de guarda-chuva. Mas não adianta. Me molho mais do que qualquer coisa. Ainda bem que a chuva passou. Assim dá mais graça tomar banho de tarde. Quando tem o solzinho. E aí que veio teu cheiro.
Estava escolhendo alguma roupa para colocar quando vi teu moleton velho. Aquele que só se tem coragem de usar por baixo. E é onde ele está. Com teu cheiro. Com o cheiro do teu guarda roupa. E poder sentir o cheiro quando se está longe é algo que aperta o coração. E sentir o aperto no coração é sinal que se tem coração. Mais ou menos como diria minha vó quando eu tinha dor de cabeça. "É sinal que ainda tem". E eu ainda tenho coração.
Na hora do banho encontrei o shampoo e o condicionador que deixaste na minha casa. Usei. E fiquei com o teu cheiro no meu cabelo. E o cheiro me segue. E pelo menos assim é se tu estivesse atrás de mim. Por vezes espero que venha me fazer cócegas. Outras me viro pronto para te dar um beijo. E outras ainda fico pensando na brincadeira que vou fazer quando me tocar. Mas logo percebo que é só o teu cheiro no meu cabelo.
Só teu cheiro no meu cabelo é tudo que eu tenho agora. E até pentear o cabelo eu penteei. Só o que eu tenho na cabeça é tua imagem. Teu rosto. Teu jeito. E agora, teu cheiro. O cheiro de shampoo. O cheiro de saudade. O cheiro da nostalgia. O teu cheiro. O teu cheiro no meu cabelo. E o teu semblante que insiste em não sair da minha memória. Graças a Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário